Poderão fazer comparações com trabalhadores de outros países mas não se poderão esquecer que a motivação é a base da produtividade e da competitividade. Primeiro precisamos de investir na motivação das pessoas e depois usamos a matemática para comprovar o sucesso em vez de "andar com carro à frente dos bois". Antes devem-se usar cenários e hipóteses que prevejam esse sucesso mas nunca descurando a motivação dos intervenientes.
Ao longo dos anos foram escritos muitos livros e criadas muitas teorias sobre motivação, mas um dos mais simples e poderosos modelos foi criado por Fred Herzberg, um psicólogo americano que foi um líder em gestão.
Herzberg dizia que as pessoas normalmente prestam uma performance média a que chamou de "potter line" e que corresponde a um dia de trabalho justo pago por uma retribuição justa. Coisas como dinheiro, boas condições de trabalho ou carro de empresa, não motivam as pessoas para ter uma performance mais do que média.
Se um colaborador recebe um carro da empresa para seu uso, na altura da atribuição acha o acontecimento espectacular mas rapidamente esse benefício passa a fazer parte de uma condição normal esquecendo depressa a situação em que não usufruía do carro. O mesmo acontece quando recebe um aumento de vencimento. Passado algum tempo o aumento torna-se insignificante. Fred Herzberg chamou ao pagamento justo, boas condições de trabalho e benefícios associados de "factores higiénicos".
Onde Herzberg difere de outros especialistas de gestão é quando diz que estes "factores higiénicos" não podem ser negligenciados ou então a performance cairá abaixo da tal "potter line". Uma empresa tem de ter boas condições de trabalho para os seus colaboradores e deve lutar fortemente para o conseguir. Embora estes factores sejam importantes, não são eles que geram motivação.
Fred Herzberg diz que os motivadores são coisas como concretização de objectivos e reconhecimento, ter tarefas sensíveis e trabalho valorizado, ter responsabilidade, ter oportunidades de promoção e de crescimento pessoal. São estes factores que fazem as pessoas produzir acima da "potter line".
Claramente, se uma empresa quiser obter boa performance dos seus colaboradores tem de criar oportunidades para concretização de objectivos e reconhecimento, dando tarefas desafiantes aos seus trabalhadores.
Existem pontos previsíveis de desmotivação. Herzberg aponta três elementos:
- Executar o trabalho
- Ver o resultado desse trabalho
- Obter reconhecimento e também compensação
Trabalhar arduamente sem obter resultados é desmotivador. Efectuar uma tarefa e não obter resultados é desmoralizador. Por outro lado, se alguém se esforça, vê os resultados do seu esforço, mas não recebe reconhecimento e compensação pelo seu empenho, então isso é devastador. É o que acontece com a maioria dos trabalhadores no nosso país.
Baixar salários abaixo da "potter line" devasta a motivação e não cria competitividade. Qualquer mente inteligente consegue perceber isso.
A alternativa empreendedora será criar pequenos negócios em que as pessoas desempregadas e dependentes de rendimentos precários e incertos possam sentir realização, ver os seus resultados e obter reconhecimento e compensação pelo sua própria dedicação.
O incentivo ao empreendedorismo deve ser criado através da criação de leis mais rígidas que eliminem a criação de monopólios representados por uma única empresa ou por várias empresas que formam cartéis secretos.
Para iniciar um negócio devemos começar por inventariar tudo aquilo que sabemos fazer e quais as actividades para que temos competências.
De seguida devemos fazer um "brainstorm" sobre as várias hipóteses de negócio possíveis de vir a criar. Uma vez descoberto o potencial negócio a criar deve-se analisar a concorrência existente para o mesmo e fazer um estudo de mercado para avaliar a aceitação da iniciativa.
Uma vez comprovado o nicho a trabalhar deve-se considerar os canais com que vamos chegar ao cliente final:
- Lojas online
- Venda directa
- Telemarketing
- Parceiros / Revendedores autorizados
O recurso a consultoria externa aconselha-se sempre que o empresária não domine convenientemente o planeamento do arranque de actividade.
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Alfredo Simões
Consultor de empresas
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